terça-feira, 8 de janeiro de 2013

...muito tempo depois...

Pois bem, mais uma montanha de tempo transcurrido, e mais uma montanha de sucessos na minha vida. Gostaria de partilhar alguns desses sucessos convosco. A minha patologia continua bem e recomenda-se. Aliás, segundo as minhas mais recentes análises (Outubro 2012) estou com um sistema imunitário que ronda os valores da normalidade absoluta (741 CD4+). Este é um assunto que deixou há muito de me preocupar de maneira frequente. Outros acontecimentos me provocaram maiores abalos e me produziram maior instabilidade emocional recentemente. Os mais sérios de todos, foram problemas de saúde que afectaram a minha mãe e a minha irmã. Passei o último ano num rodopío entre Madrid e o Porto para poder estar mais presente e acompanhar e apoiar a minha família mais de perto. Neste ano, não me privei de fazer coisas das quais antes me retraía, como dizer aos meus seres queridos o quanto os amo, e fomentar uma relação fluída e verdadeira com a minha irmã. (por fim, disse-lhe que sou gay e que me casei com o homem com quem comparto a minha vida) (ainda não consegui encontrar o momento para lhe dizer que sou portador de VIH, mas estou certo que esse dia chegará)


 Dei-me conta de que a vida é um bem tão frágil... tão efémero... que devemos dizer sempre o quanto amamos alguém, porque de um momento para o outro, podemos deixar de ter essa pessoa na nossa vida. Não será bem assim, pois acredito fielmente que aqueles que nos são queridos, permanecem sempre connosco, que nos ouvem, nos acariciam e nos protegem. Mas a ideia de não os voltar a abraçar e a sentir a quimica da sua pele, provoca-me arrepíos.
 Há alguns meses, passei também por um mau momento na minha relação com o meu marido. Chergamos inclusivé a viver um tempo separados. Apesar de na altura ter encarado a situação com inteireza, e de achar que se fosse caso disso, poderia encontrar uma forma de viver sem essa parte de mim, a verdade é que os sentimentos e os 10 anos de história em comum assumiram um papel protagonista e decidimos voltar a investir na nossa relação. Afinal... devemos pelo menos isso a nós mesmos.
 No entretanto, num ano de acontecimentos sociais convulsos, a situação laboral tem sofrido grandes contratempos. Na verdade, sinto o peso da crise a empurrar-me para uma situação delicada. Até porque nesta fase, as minhas responsabilidades não são só a minha própria manutenção e sustento, penso que a situação de saúde dos meus familiares, em breve pode detereorar-se ainda mais e haver necessidade de contratar alguém que os cuide a tempo inteiro, e para isso, devo estar em posição de poder fazer frente a esse gasto acrescido. Talvez tenha chegado a hora de mudar de país... ou de continente... auguro um futuro muito negro para as economias e as sociedades europeias nos próximos tempos...
E outra vez surgem as dúvidas sobre emigração e HIV, medicação, status migratório, visados e autorizações de residencia e de trabalho, contratos laborais, fiscalidades estrangeiras, etc, etc, etc... e uma núvem de etc's que me assombram os dias e as noites.
 E no meio de tudo isto, o que mais esforço requer é mesmo calar a impaciência sobre o compasso de espera aos curriculos enviados... o desespero dos dias sem notícias... a vontade de mudar antes que seja tarde... de que as poucas forças que restam se esgotem... Quem sabe a minha próxima entrada no Blog a faço já no meu novo destino? É algo que desejo com fervor.
 Mais recentemente, recebi um email de um leitor deste blog que me tocou. De alguém que se identificou com os meus relatos. Fiquei de novo contente por ter iniciado este blog e nele verter as minhas vivencias. E de novo motivado a dar notícias. A essa pessoa (ele sabe que é dele que falo) o meu sincero obrigado. Espero corresponder às espectativas de todos e cada um que por aqui passam e têm a amabilidade de dispensar o seu tempo a ler o que escrevo. A todos, um bem-hajam!
Até breve,

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